A morte de Bunny Munro
“Encontra o canal pornô e o número de um disque-sexo e permite que uma garota do Leste Europeu (…) o conduza através do que ele imagina ser a p* mais deprimente da história da humanidade.”
Bunny Munro é um homem que perambula pelo sul da Inglaterra visitando mulheres solitárias, vendendo produtos de beleza e dando uma sempre que pode. Quando não pode, ou mesmo depois de satisfazer uma dona de casa necessitada, ele se masturba em qualquer lugar, no carro ou no banheiro de uma lanchonete. Talvez por isso ele tenha sido judicialmente proibido de entrar em qualquer Mc Donalds. A voracidade de seu apetite sexual só se compara ao tamanho de sua canalhice. Bunny é um cafajeste de primeira que prefere passar a noite bêbado em um motel com uma prostituta a cuidar de sua esposa deprimida que, chorando ao telefone, implora para que ele volte para casa.
Como castigo do destino (ou do autor), no dia seguinte, ele encontra a esposa enforcada em seu quarto, o apartamento destruído e um menino de nove anos, cuja a mãe está morta e o nome é Bunny Jr.. Apesar do título não deixar dúvidas sobre a sina final de Bunny Munro, a narrativa construída por Nick Cave é cativante e surpreendente. O livro não tem medo de ser obsceno e suas descrições pornográficas podem despertar repulsa, atração e até piedade.
Autor: Nick Cave
Tradutor: Fabiano Morais
Editora: Record
Ano de lançamento: 2009
Preço médio: R$ 49,90
Ostra feliz não faz pérola
“Acho que era um vagabundo porque se fosse ocupado não teria a idéia. Trabalho intenso faz mal à criatividade.”
Folhear este livro lendo seus pequenos textos que discorrem pelos mais variados assuntos lembra visitar um blog. Compilados por assunto como amor, política, saúde mental, velhice e morte, os trechos não têm relação direta entre si e se bastam. A vantagem deste tipo de literatura é poder correr os olhos pelas páginas e títulos e ler o que mais chama a atenção sem ter medo de perder a visão geral ou a moral da história. Na própria orelha do livro, o autor enaltece essa qualidade dizendo que a vantagem é que “qualquer página é um começo e um fim”.
Rubem Alves relata que escreveu um livro assim porque as idéias lhe chegavam curtas e prontas e eles as anotava na esperança de, mais tarde, transformá-las em textos elaborados. Mas as idéias lhe chegavam cada vez mais rápidas, sem parar e o tempo era curto e registrar os pensamentos come lhe vinham foi a solução. Quanto ao título, o escritor explica que, para produzir uma coisa bela, como uma pérola, é preciso que haja inquietação, como a dor que a ostra sente quando grãos de areia entram por sua concha. Outra ferramente necessária à criação, segundo o autor, é o ócio, pois o trabalho intenso faz mal à criatividade. Para ele, mente vazia não é oficina do Diabo, mas uma sala dedicada à criação.
Autor: Rubem Alves
Editora: Planeta
Ano de lançamento: 2008
Preço médio: R$ 29,90
Os sofrimentos do jovem Werther
“Poderíeis fazer a gentileza de emprestar-me as vossas pistolas para uma viagem que conto fazer? Adeus!”
Mais uma vez, o título não deixa dúvidas quanto ao destino do personagem principal. Nesta obra-prima do alemão Goethe, Werther sofre por amar uma mulher casada. Os impulsos do jovem também são fortes, mas, ao contrário de Bunny Munro, seu amor é casto e platônico. Este romance do século XVII mistura elemento autobiográficos (Goethe de fato amava Carlota Buff, casada com seu amigo Johann Kestner) com o fim trágico de um outro amigo Karl Jerusalem. O impacto do livreto na na época foi tanto que não foram poucos os suicídios atribuídos ao romance. Um bispo chegou a acusar Werther de ser uma obra imoral. Hoje o livro é apenas de cortar o coração.
Autor: Johann Wolfgang Goethe
Tradutor: Marcelo Backes
Editora: L&PM Pocket
Ano de lançamento: 1774
Preço médio: R$ 13,50
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