domingo, 10 de outubro de 2010

Circo é palco de música de roda

Publicado em 10 de Setembro de 2010

 

No Dia Nacional do Cerrado, cantora Renata Rosa é atração principal do Projeto Cantação do Lahetô

 

 

O Circo Lahetô recebe, amanhã, no Dia Nacional do Cerrado, a cantora, rabequista, compositora e atriz Renata Rosa como atração principal da segunda edição do Projeto Cantação. A abertura fica por conta da banda goiana Passarinhos do Cerrado e o encerramento está nas mãos e pick-ups do DJ Macambira, também de Goiás. O evento ainda conta com exposição de instrumentos artesanais da Associação de Capoeira Angola do Estado e com a exposição de artesanato da Feira do Cerrado.

O Projeto Cantação é realizado pela Balaio Produções Culturais de Goiânia. As edições são divididas em segmentos musicais e contam com shows, discotecagem e intervenções artísticas. A 1ª edição, realizada em julho, também no circo Lahetô, foi dedicada ao forró. Amanhã, o destaque é para o coco, um ritmo tradicional do nordeste que é cantado com instrumentos de percussão e dançado batendo-se os pés. As edições de outubro e novembro serão do samba e do bloco de percussão, respectivamente.

O principal objetivo é abrir espaço para os criadores e fazedores de música popular brasileira de diversos segmentos. A ideia é promover o intercâmbio entre grupos goianos e convidados de outros Estados e ainda proporcionar a troca de saberes e culturas entre os artistas e o público. A produção dá prioridade aos grupos menores.

Mata e Cerrado

Renata Rosa nasceu em São Paulo, mas desde 1998 trabalha com músicos do interior e da capital de Pernambuco. Mergulhadas no contexto poético musical da Zona da Mata norte-pernambucana e do Baixo do São Francisco alagoano, as composições da cantora se inspiram em diversos gêneros e movimentos musicais brasileiros. Samba de coco, cantos caboclos do catolicismo popular, rojões da roça, brincadeiras de maracatu-rural e de cavalo-marinho estão entre os ritmos cantados, tocados e dançados por Renata.

Tais ritmos podem ser poucos conhecidos fora das rodas de dança do nordeste, mas o trabalho de Renata Rosa alcança fama internacional. Seu CD de 2003, “Zunido da Mata”, recebeu o prêmio Choc de L’anneé de melhor disco do ano, concedido pelo jornal francês Le Monde, um título, até então, inédito para música brasileira. Em 2005, o show foi considerado um dos melhores da temporada européia, o que lhe rendeu um especial para a rede BBC inglesa. Manto dos sonhos, o mais novo trabalho da compositora, lhe o título de melhor cantora regional no Prêmio de Música Brasileira, em 2009.

O canto do grupo musical Passarinhos do Cerrado também entoa a cultura popular brasileira. O grupo envereda pelo universo das raízes nacionais, compondo poesias, melodias e arranjos que misturam o ritmo nordestino, coco, com manifestações artísticas goianas como a folia de reis, a congada e a catira. Os Passarinhos têm dois formatos de apresentação: um show para o palco e uma performance acústica, na qual o público é convidado a interagir com o grupo. Neste espetáculo, os integrantes descem do palco e dançam com os espectadores, ensinando alguns passos do coco para que eles se aproximem e sintam-se mais íntimos da música e do ritmo.

Oficinas

A Edição Coco do Projeto Cantação integra o I Fórum em Defesa do Parque da Criança, que oferece diversas atrações e debates no amanhã e no domingo. As discussões estão abertas ao público e são intercaladas por oficinas de arte e de reaproveitamento de materiais, apresentações musicais e performances teatrais e circenses. Vários políticos, empresários e produtores culturais são convidados.

Segundo Anna Morais, uma das organizadoras do movimento, o fórum visa a revitalização do Parque da Criança e sua transformação em patrimônio material de Cultura do Estado. Fazem parte do parque o Circo Lahetô, a Feira do Cerrado, a Associação Atletas de Jesus e o Centro integrado Médico Psicopedagógico (Cimp). O Parque da Criança foi criado em 1989 e hoje está ameaçado de extinção, pois se encontra em uma área nobre e nem sempre é bem visto por seus vizinhos. Anna acredita que isso ocorre porque o complexo oferece atividades para toda a sociedade, independente da classe social ou econômica.

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