segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Ressaca maldita

Publicado em 31 de dezembro de 2010

Após as intensas comemorações da Virada regadas a muita bebida, este mal-estar generalizado pode acometer os que insistem em exagerar na dose 



Fim de ano é só alegria: 13º no bolso da maioria, presentes, compras, festas de Natal e revéillon, comida e birita, muita birita. Segundo a Associação Brasileira de Supermercados (Abras), as vendas de bebidas alcoólicas tendem a aumentar devido às festas de fim de ano. Porém, o problema é quando a euforia de uma noite bem curtida e mal dosada se torna um pesadelo na manhã seguinte, assim que o fantasma da ressaca vem assombrar o beberrão. No desespero, o bebum analisa todas suas bebedeiras passadas e promete não beber tanto no futuro. Alguns ainda clamam aos céus por um alívio e fazem um pacto divino de nunca mais colocar uma gota de álcool na boca. Mas a ressaca passa e março está logo ali, com o carnaval regado a muita bebida e premiado com uma inevitável ressaca no dia seguinte. Daí novos sofrimentos e mais promessas vazias.

De acordo com o Centro de Informação sobre Saúde e Álcool (Cisa), os sintomas da ressaca aparecem cerca de seis a oito horas após o consumo de bebidas. É neste período que a concentração de álcool no sangue retorna a zero. Além disso, as lembranças indesejadas dos excessos etílicos podem durar até 24 horas. Os sintomas são inconfundíveis: a cabeça parece aumentar a densidade e pesa uma tonelada. A dor se concentra na nuca e nas têmporas. A luz é como uma lança nos olhos e qualquer barulhinho retumba no cérebro. O sabor sentido na boca já foi descrito por muitos como “gosto de cabo de guarda-chuva”. A sede homérica pode ser impossível de ser saciada se o mal-estar for acompanhado por náuseas e vômitos. É impossível também se esquecer de outros sintomas, como problemas de concentração, tontura, desconforto gastrointestinal, cansaço, tremores, falta de apetite, sudorese, sonolência, ansiedade e irritabilidade. É uma desgraça autoinfligida.

Existem várias hipóteses para o aparecimento da ressaca. Crise de abstinência alcoólica, desidratação e sensibilidade ao álcool são algumas das teorias. Como ela não acomete todo mundo, fatores genéticos e até psicológicos são usados para tentar explicar por que algumas pessoas passam mal depois de meio copo de vinho enquanto outras acordam prontas para outra balada após uma noite regada a todo tipo de bebida alcoólica.

PALIATIVOS

Existem muitas receitas e conselhos para se evitar a ressaca. Impossível não se lembrar do remédio Engov ao se ouvir a palavra ressaca, afinal, apregoa a propaganda, para evitá-la, basta um antes e outro depois. O Epocler também se autointitula como um remédio que desembrulha o estômago e é bom para o fígado surrado. Aspirina é outra droga bastante procurada no armário de remédios durante as crises do dia seguinte. Um conselho valioso talvez seja se certificar que não tenha nenhum compromisso no dia posterior a uma farra e de que se tem tudo que se precisa em casa para sobreviver à ressaca sem precisar colocar os pés na rua.

Ervilha, o gerente do Vai Tomar no Kuka Bar e especialista em bebidas, tem uma prescrissão radical para ressaca: “Através dos séculos o homem descobriu que a única receita infalível contra qualquer ressaca é um novo porre”, ensina ele. Se levarmos em conta que os sintomas da ressaca podem ser provocados por uma crise de abstinência e ignorarmos completamente os efeitos nocivos do consumo contínuo de álcool a longo prazo, a lição parece ser valiosa. Muitos beberrões rebatem a ressaca com uma dose a mais ao acordar. Porém, beber mais só adia o inevitável e, em muitos casos, pode até piorar a situação. Beber café estimula o organismo cansado e alivia a dor de cabeça, porém a bebida não é boa para a ressaca por ser diurética e sua ingestão apenas agrava a desidratação. Nesse caso, uma Aspirina é melhor para aliviar  uma cefaleia pulsante.

Para o estômago, muitos receitam uma torrada queimada, mas isso não é o mesmo que carvão ativado, e pão queimado definitivamente não acalma o pobre estômago.  Enquanto ovo, banana e kiwi contêm nutrientes que limpam as toxinas e repõem eletrólitos perdidos, tomar suco de fruta reidrata e dá energia.
Por fim, uma notícia nada boa para os beberrões. Segundo um artigo publicado na British Medical Journal, a ressaca não tem cura e a melhor forma de evitá-la é beber com moderação.

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