Publicada em 23 de janeiro de 2011
Apesar de não ser um pólo turístico para gays, lésbicas e simpatizantes, Goiânia oferece opções específicas para homossexuais. Aliás a Capital e o Brasil não têm certeza de quantas pessoas formam seu público GLS, pois o Censo não teve em seu questionário qual a orientação sexual dos entrevistados. O último estudo é de 1948
De acordo com o estudo da Câmara de Comércio GLS (gays, lésbicas e simpatizantes) do Brasil, a fatia do mercado formada pelos componentes da colorida sigla LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros) costuma ter uma renda 30% maior do que a dos casais heteros. O estudo também aponta que, além de possuir mais dinheiro, este grupo tão diverso geralmente não tem filhos e a preocupação de construir um patrimônio para deixar aos seus descendentes quase não existe, fazendo com que todos os seus rendimentos sejam gastos em benefício próprio. Dessa forma, a capacidade de consumo dos LGBTs é geralmente maior do que a dos heterossexuais, independente da classe social a que pertençam. Isso quer dizer, por exemplo, que a probabilidade de uma lésbica pedir uma porção de batatas para acompanhar a cerveja em um bar é maior porque ela certamente não precisa usar a grana extra para comprar fraldas.
O jornalista Léo Mendes e diretor-executivo da Associação Goiana de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (AGLT) afirma que os não-heteros costumam consumir mais lazer e cultura. “Há uma preferência por restaurantes, bares, cinemas e bens semiduráveis, mesmo se forem de classe média ou baixa”, explica. Léo acredita que este público não costuma ir a qualquer lugar por preferir estabelecimentos nos quais se sintam mais à vontade e tenham liberdade de expressar sua homoafetividade. Bares e boates que se intitulam como GLS são lugares onde gays, lésbicas e simpatizantes são bem-vindos e nos quais pessoas do mesmo sexo podem beijar na boca sem causar escândalos, olhos arregalados ou dedos apontados. Já outros estabelecimentos que não se classificam com esta sigla podem acabar virando um ponto de encontro GLS mesmo sem qualquer ação empresarial voltada para este público. Neste locais, a discrição é mais imperativa e, às vezes, um simples andar de mãos dadas pode acabar virando motivo de repressão de seguranças e de freqüentadores heteros.
O Banana Shopping é um estabelecimento que, com o passar dos anos, foi sendo apropriado pelo público GLS por se encontrar instalado em frente à sauna Très Chic que tem como clientes homens homossexuais. Naturalmente, a clientela da sauna passou a passear pela praça de lazer e alimentação do shopping e a porcentagem de freqüentadores primeiro de gays e depois de lésbicas, aumentou gradativamente. Basta dar uma volta pela internet para descobrir que o Banana Shopping já foi palco de discussões e agressões envolvendo os seguranças do shopping e casais gays que ousaram demonstrar algum tipo de afeto em público. Marco Aurélio de Oliveira, coordenador do Ipê Rosa, uma ONG goiana voltada para a defesa dos direitos do público LGBT, afirmou que vários levantes já foram feitos no shopping por causa da repressão dos seguranças e que hoje a relação entre os guardas e o público GLS é de tolerância e respeito, sem perseguição. Apesar da direção do estabelecimento ter dispensado os seguranças mais truculentos, a plaquinha que descreve o “ato obsceno” como um crime federal continua pregada na parede do shopping.
E para elas?
A proprietária da sauna Très Chic, Mariana Brandão de Castro acredita que Goiânia não apresenta muitas opções para eles e quase nenhuma para elas. “A vida noturna goianiense é muito fraca, principalmente para as mulheres, que ficam ainda mais limitadas”, reclama Mariana. Segundo ela, a maior parte das opções GLS é voltada para homens e as lésbicas não possuem muitos locais em que possam se sentir à vontade. O Acapulco Bar é um lugar bastante procurado pelas mulheres que se encaixam na descrição da letra “L” da sigla LGBT. Segundo uma funcionária do bar, o estabelecimento é GLS onde todos são bem-vindos, mas a noite de sexta-feira é dominada por elas. Muitos gays e simpatizantes costumam ir ao bar, mas a maioria concorda em classificar o Acapulco como um lugar mais lésbico.
Se as “Ls” da sigla não têm muitas opções, as “Ts” têm menos ainda. Beth Fernandes, coordenadora geral do Fórum de Transexuais de Goiânia e psicóloga da Secretaria de Políticas para Mulheres e Promoção da Igualdade Racial (Semira), os points GLS não funcionam muito bem para as travestis e as transexuais. As saunas gays, por exemplo, não admitem a entrada delas. Já nas boates gays, de acordo com Beth, elas não se sentem muito à vontade a não ser quando acontecem festas e eventos criados especialmente para elas. A psicóloga ainda explica que, como a classe média alta não costuma tolerar a presença delas em seus bares e boates, as travestis costumam procurar diversão na periferia da cidade, como no bar Feirão do Chopp, em frente à Estação Cascavel do Eixo Anhangüera. Enquanto nenhum empresário goianiense se arrisca a fazer uma casa noturna voltada para este público ansioso em gastar seus cifrões para se entreter, Beth aposta em promover eventos, festas e feiras voltados para elas. Além disso, desenvolver discussões relacionadas a este público-alvo e aos outros GLS em faculdades de turismo pode abrir os olhos dos futuros profissionais para este mercado faminto por diversão e arte.
Porcentagens
Em uma discussão sobre os points GLS de Goiânia no site de relacionamentos Orkut, o músico Rodrigo Feoli afirmou que os GLS estão em todos os lugares: “Tem gay na sua cidade, (…) tem gay em gueto gay, tem gay em toda igreja, tem gay em todo esporte, (…) tem gay na arte, tem gay na prisão, tem gay no governo, tem gay na escola, (...) tem gay na balada, tem gay no seu trabalho, tem gay na sua família, provavelmente tem gay na sua casa, alguns já tiveram um (uns) na cama e alguns ainda têm. (…) tem gay na internet, tem gay no mundo (e), se existisse outro mundo habitado por gente, lá teria gay também”, escreveu ele. É certo que os homossexuais e não-héteros estão por toda parte, mas ninguém parece saber a quantia exata desta barulhenta parcela da população brasileira.
O coordenador da ONG Ipê Rosa revelou que o poder público e outras organizações não governamentais presumem que de 10 a 12 % da população seja homossexual. O problema é que estes dados foram apurados pelo estudioso americano Alfred Kinsey em 1948. Por mais valiosa e revolucionária que seja sua pesquisa ela está defasada, não inclui travestis e transexuais e não reflete a realidade do Brasil e muito menos de Goiânia. O Censo, que quantifica e qualifica a população brasileira e que é feito a cada dez anos, se esqueceu de perguntar em 2010 qual a orientação sexual dos entrevistados. A única preocupação estatal foi saber, em caso de união estável, se o companheiro seria do mesmo sexo ou não. A pergunta é: como pode o poder público desenvolver políticas sérias de proteção a estes brasileiros se ninguém sabe ao certo quantos deles existem no Brasil?
Bares
Acapulco Bar (GLS) - Avenida Araguaia, nº 879, Setor Central / Fone: 3212-2899
Athena Bar (GLS) - Avenida Tocantins, esquina com Rua 01, Setor Central / Fone: 3223-8366
Bate Papo Bar (Simpatizante) - Rua 3, Centro
Boates e locais de eventos
Bar e Boate Feirão do Chopp - Av. Anhanguera, em frente à Estação Cascavel do Eixo Anhangüera
Diesel Lounge (GLS) - Rua 5, nº 1169, Setor Oeste / Fone: 3215-2307 / Site: www.diselbrasil.com.br
Chácara Sol Nascente (GLS) - Avenida Eurico Viana, nº 4820, Setor das Mansões Goianas / 3210-7664 / 8416-4636 / 9607-3351
El Club (Simpatizante) - Rua 115, nº 1038, Setor Sul / Fone: 3645-4832 / Site: www.elclub.com.br
Metrópolis (Simpatizante) – Avenida 83, nº 372, Setor Sul / email: metropolisretro@gmail.com
The Pub (GLS) - Rua 52, nº 219, Jardim Goiás / Fone: 3281-4308 / Site: www.thepubgyn.com.br
Total Flex (GLS) - Avenida República do Líbano, nº 1.742, Setor Oeste / Fone: 3123-3656
Cinemas pornôs
Cine Santa Maria - Rua 24, 693, Setor Central
Cine Astor - Rua 9, nº 240, Setor Central / Fone: 3223-2639
Parques
Bosque dos Buritis - Avenida Assis Chateaubriand, esquina com Rua 1, Setor Oeste
Parque Vaca Brava - Avenida T-10, Setor Bueno
Parque Mutirama – Avenida Araguaia, em frente ao Parque Mutirama, Setor Central
Saunas
Sauna Très Chic - Rua 21, nº 71, Setor Central / Fone: 3212-0573
Termas Botafogo - Alameda Botafogo, nº 42, Setor Central / Fone: 3941-2062
Shoppings
Banana Shopping – Rua 3, esquina com Avenida Araguaia, Setor Central
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