sábado, 22 de janeiro de 2011

Dobradinha especial

Publicada em 21 de janeiro de 2011

Grupo carioca Paraphernárlia e os argentinos do Tanghetto sobem ao palco hoje na Quinta edição do Goyaz Festival - Mostra de Música Instrumental 

Duas bandas animam a hoje o Centro Cultural Oscar Niemeyer (CCON). A carioca Paraphernárlia e a argentina Tanghetto sobem ao palco do Palácio da Música munidos de vários instrumentos, experimentalismo e novidades. Amanhã o show é do violoncelista Jaques Morelenbaum, seguido pelo violonista Yamandú Costa. Esta edição do festival já trouxe o trombonista Itacyr “Bocato” Júnior na última quarta-feira, além do percussionista Marco Lobo e do pianista César Camargo Mariano na noite de ontem.

Na outras quatro edições realizadas, já passaram pelo Goyaz Festival grandes artistas do jazz e da música instrumental como João Donato, Paulo Moura, Duofel, Guinga, Leo Gandelman, SambaJazz Trio, Ricardo Silveira, Libertango, Pife Moderno, Hamilton Pinheiro e Toninho Horta. Esta programação recheada de grandes nomes da música instrumental faz com que o festival ganhe, a cada nova edição, mais expressão e importância no cenário nacional.

Tanghetto

Esta banda argentina liderada por Max Masri (sintetizadores e programação) e por Diego S. Velázquez (guitarras) foi formada em 2001. O nome, uma aglutinação dos termos “tango” e “ghetto”, foi inspirado nas “pequenas argentinas”, comunidades formadas por argentinos que vivem fora de seu país natal. No meio da década de 1990, Masri retornou a Buenos Aires da Alemanha e trouxe na bagagem a ideia de criar uma nova linguagem musical misturando o tradicional tango a outras sonoridades modernas. Em 1998, o músico se juntou a Velázquez e ambos gravaram e produziram suas primeiras faixas de eletrotango. Mais tarde, em 2001, eles finalmente adotaram o nome Tanghetto para produzir e gravar composições próprias.

A formação atual da banda é composta por seis integrantes: Federico Vázquez (bandoneón), Antonio Boyadjian (piano), Chao Xu (violoncelo e erhu – um instrumento de cordas chinês) e Daniel Corrado (bateria acústica e elétrica), além de Max Masri e Diego S. Velázquez. O álbum de estréia foi o conceitual Emigrate, lançado em 2003. O CD conta como a Argentina, que começou sua história como uma país de imigrantes, se tornou um país de emigrantes nos tempos atuais. O álbum alcançou o Disco de Ouro em 2005 e foi nominado ao Grammy Latino no ano anterior.

A partir daí, o grupo aumentou o número de suas apresentações ao vivo e se sofisticaram. Eles chegaram a se apresentar para um público composto por mais de 15 mil pessoas em um festival argentino. As apresentações internacionais começaram em 2005, com shows na Europa, Estados Unidos e México A discografia do grupo é composta por sete álbuns e um DVD ao vivo. Seu último disco, de 2009, é uma mistura entre o que pode ser apreciado apenas se ouvindo ou dançando e um balanço perfeito entre o acústico e o eletrônico. O tango ainda reina, mas a leitura é inovadora. O destaque fica para o cover de Fake plastic trees do Radiohead.

Paraphernália

Esta banda carioca, assim como o Tanghetto, também foi criada no ano de 2001. Novamente, dois amigos instrumentistas foram os idealizadores do projeto: Bernardo Bosisio (Guitarra) e Alberto Continentino (baixo). A proposta também era inovar o cenário da música instrumental com um grupo que reunisse suas experiências musicais individuais em torno de um novo pensamento que produzisse uma música instrumental não convencional. Mas as coincidências acabam aqui. Ao invés de se dedicar apenas a um estilo, o Paraphernália passeia pelo universo de referências sonoras dos anos 1960, 1970 e 1980 que se misturam com a música moderna atual. Os outros integrantes que completa o octeto são: Donatinho (teclados), Renato Massa (bateria), Joca Perpignan (percussão), Felipe Pinaud (Flauta), Marlom Sette (trombone) e Leandro Joaquim (trompete).

O som do grupo vai do jazz ao rock, passando pelo experimentalismo e por ritmos africanos e latinos. Teclados analógicos e antigos pianos elétricos acompanham guitarras psicodélicas para compor uma trilha sonora imaginária de seriados de TV e filmes policiais antigos que nunca existiram. Seu primeiro álbum já está gravado, foi totalmente produzido com recursos da própria banda e espera o fechamento de um contrato com a gravadora Pimba (selo alternativo da Dubas) para ser lançado. No show, em Goiânia, o octeto toca músicas autorais como Palhaço Birico, A fúria do dragão 2 e Nu flava.

Jaques Morelenbaum

O instrumentista, violoncelista, arranjador, maestro, produtor musical e compositor Jaques Morenlenbaum é filho de um maestro e de uma professora de piano. Criado em um ambiente que transpirava música, ele tem uma irmã clarinetista e um irmão que é maestro, instrumentista e arranjador. Sua carreira musical começou ao integrar o grupo A Barca do Sol. Com a Nova Banda, atuou ao lado de Tom Jobim por uma década em espetáculos e gravações que os levou ao Grammy com o CD Antônio Brasileiro.

Em 1995, integrou o Quarteto Jobim Morelenbaum e se apresentou pelo Brasil e pelo mundo ao lado da cantora Paula Morenlenbaum, sua cunhada, e do renomado pianista e compositor japonês Ryiichi Sakamoto formou o grupo M2S e gravou projetos como Casa (gravado na casa de Tom Jobim em 2002) e A day in New York. Como arranjador, atuou ao lado do já citado Tom Jobim, Caetano Veloso, Gal Costa, Ivan Linsm Barão Vermelho e Skank. No álbum Piazzollando, gravado em homenagem a Piazzolla, ele foi instrumentista, regente e produtor musical.

Jaques também compôs várias trilhas para o filmes e chegou a aparecer no fiolme Fale com ela (Hable con ella - 2002) de Pedro Almodovar acompanhando Caetano Veloso. O nome de Jaques aparece em trilhas como Central do Brasil (1998), pelo qual recebeu o Prêmio Sharp, e O quatrilho (1995).

Yamandú Costa

O nome deste violonista de 30 anos pode não parecer tão estranhos para alguns devido a suas aparições na TV, em especial, no Programa do Jô. Suas interpretaçõe performáticas são dignas de serem vistas e não apenas ouvidas. Com um jeitinho de gênio  indomável, ele interpreta vários estilos como choro, bossa, tangos e ritmos típicos do Sul do Brasil.

Sua discografia abarca 14 álbuns gravados entre 1999 e 2010. Em Lida de 2007, Yamandú buscou inspiração na literatura gaúcha para compor dez das 12 faixas do disco que aborda um tema regional de forma universal. Seu último disco, Yamandú Valter, ele se juntou ao violonista carioca Valter Silva que é 40 anos mais velho que ele. Nele, Valter acompanha e improvisa ao lado do jovem violonista que interpreta pérolas do repertório de Jacob do Bandolim, Pixinguinha, Canhoto da Paraíba e outros compositores brasileiros.

5º Goyaz Festival
Hoje: Tanghetto / Parapernália
Amanhã: Jaques Morelenbaum / Yamandu Costa
Horário: Sempre a partir das 21h
Onde: Centro Cultural Oscar Niemeyer (CCON) – GO 020, Km 0, saída para Bela Vista
Ingressos: Entrada franca, no máximo dois por pessoa
Pontos de retirada: Museu de Arte Contemporânea do CCON / Pop House (Avenida Couto Magalhães, nº 338, Setor Pedro Ludovico) / Glória Bar e Restaurante (Rua 101, Setor Sul) / Instituto Casa Brasil de Cultura (Rua 29, n.º 186,Setor Central) / American Music (Bougainville e Buena Vista Shopping)
Informações: 3091-7458 / www.goyazfestival.com.br

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