Filme, da diretora Lisa Cholodenko, estreia hoje no Brasil. O longa trata de um casal de lésbicas que se vê às voltas quando os filhos, gerados por inseminação artificial, resolvem procurar o homem que doou esperma para que eles fossem gerados
Nic (Annette Benning) é uma médica organizada que mantém sua família no prumo. Ela é casada há 20 anos com Jules (Julianne Moore), uma paisagista hipponga que já tentou vários trabalhos antes do seu atual. As duas se amam e tem dois filhos: Joni (Mia Wasikowska) e Laser (Josh Hutcherson). Cada uma deu à luz um deles, concebidos por inseminação artificial, e o pai é um doador de esperma anônimo, Paul (Mark Ruffalo). À primeira vista, tudo anda às mil maravilhas e, quando o pai entra em cena ao ser procurado pelas crianças, os problemas desta família moderna se evidenciam e a aparente harmonia vai por água abaixo. Tudo se complica ainda mais quando Jules se envolve com Paul.
Esta comédia dramática, Minhas mães e meu pai (The kids are all right - 2010), é exatamente como muitas outras: uma família que tem uma vida estável até que uma nova pessoa surge para conviver com ela e desestabilizar a situação. A variação, neste filme, são os pais, neste caso, mães, do mesmo sexo que vivem na liberal Los Angeles. O começo é caricatural, com direito aos clichês da rica Costa Oeste americana ecologicamente correta. A intimidade de Nic e Jules serve para, a princípio criar piadas, mas o tom de humor não se mantém por toda a película. A grande sacada da diretora Lisa Cholodenko, que co-assina o roteiro, é tratar a homossexualidade como mais um fato da vida sem levantar bandeiras e até fazer uma ou outra piada com isso. Mostrar na tela um casal do mesmo sexo como algo corriqueiro é uma excelente tática de aceitação adotada por Cholodenko.
Minhas mães e meu pai foi considerado pelos críticos do Festival de Cinema de Berlim a sensação do evento. Durante a edição deste ano, em fevereiro, o longa levou o prêmio Teddy que é concedido a filmes com temática GLS. A atuação de Annnette Benning, cujo personagem é uma lésbica masculinizada, lhe rendeu a indicação ao Oscar de melhor atriz. O fato da diretora ser homossexual, lhe deu certa liberdade para tratar o assunto como bem queria, fazendo piada com o assunto em alguns momentos ou ignorando o tema em outros. Por exemplo, a certa altura do filme, uma das mães começa a ter um caso amoroso com o pai das crianças. Se um heterossexual tentasse fazer as mesmas cenas em outros filmes, muitos militantes de plantão poderiam taxá-lo como homofóbico.
Peculiaridades
Este é um dos raros casos em que o título brasileiro acaba sendo melhor que o original. “As crianças estão bem” não traduz com tanta precisão a trama do longa como o nome em português. Ao contrário das maioria das comédias nacionais ou estrangeiras, as personagens retratadas no filme são mais do que simples esteriótipos maniqueístas que ou são pretos ou são brancos, nunca cinzas. Nesta trama, são retratados seres humanos que lidam com problemas e sentimentos contraditórios.
Boa atuação de Annette Benning lhe rendeu a indicação ao Oscar
Nic e Jules são mães compreensivas que nunca realmente entende seus filhos. Laser é um garoto exemplar que gosta de esportes, mas tem péssimas companhias. Joni vai para uma faculdade de prestígio, mas tem dúvidas sobre o amor. Já Paul é um pai ausente que se viu nesta condição por força das circunstâncias, mas pretende recuperar o tempo perdido apesar da resistência das mães. O personagem de Mark Ruffalo é o elemento desestabilizador da trama, mas passa longe do rótulo de vilão, pois, neste filme, como na vida, não existe alguém totalmente bom ou mau, nem totalmente certo ou errado e, no caso da personagem de Julianne Moore, nem totalmente lésbica, nem totalmente hetero.
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