Tudo que sei aprendi com a TV – A filosofia nos seriados de TV
“Os gregos antigos saberiam dizer exatamente o que estava acontecendo em Friends”
Em 2004, a MTV Brasil criou um VT que mostrava uma tela preta com os dizeres: “Desligue a TV e vá ler um livro”. Em uma ação ousada para promover a leitura, a emissora fazia um manifesto pela cultura sob pena de diminuir a própria audiência. “Nas duas primeiras semanas da campanha, mais de 200 mil telespectadores desligaram a TV. Se foram realmente ler um livro eu não sei", disse André Mantovani, presidente da MTV. É certo que muito viciado na programação da telinha apenas mudou o canal. Se esse tipo de junkie conhecesse Tudo que sei aprendi com a TV do americano Mark Rowlands certamente ele se interessaria em ler este livro.
Este filósofo e escritor americano que assistiu muita TV analisa de maneira simples e divertida alguns seriados de sucesso, aplicando seus conhecimentos de filosofia e de psicologia com muitas pitadas de senso comum. O fio condutor é a modernidade, suas qualidades e seus problemas que são muito bem retratados nos programas escolhidos. Buffy, a caça vampiros (Buffy the Vampire Slayer – 1997-2003) serve de base para discutir o conceito de obrigação. Com a Família Soprano (The Sopranos - 1999-2007), mistura-se Freud e Platão para se falar da improbidade moral. Em Sex and the city (1998-2004), discorre-se sobre o amor e a amizade sinceras e o valor do outro. No capítulo de Friends (1994-2004) fala-se do que é amor e o que é amizade segundo Aristóteles e outros gregos antigos. O frenesi de 24 horas (24 – 2001-2010) inspira o debate entre o utilitarismo e a moral kentiana. “Seinfield” (1990-1998) exemplifica muito bem a diferença entre o individualismo e o egoísmo. Em “Os Simpsons” (“The Simpsons – 1989-), o foco é a vida ideal. Já o seriado “Frasier” (1993-2004), o mais cabeça de todos, fecha o livro analisando a importância de tudo isso e o que significa ser fiel a si mesmo, num excelente casamento entre cultura de massa e cultura erudita.
Livro: “Tudo que sei aprendi com a TV – A filosofia nos seriados de TV”
Título original: “Everything I know I learned from TV”
Autor: Mark Rowlands
Tradução: Elvira Serapicos
Editora: Ediouro
Ano de lançamento: 2008
Preço médio: R$ 41,90
02
O Segredo da Caverna - a Fábula da TV e da Internet
“O papel deles é entreter, encantar, manipular, divertir e informar os acorrentados. Fazem de tudo para que estes não questionem, não se rebelem e, principalmente, não tentem fugir da caverna (...).”
No caminho inverso de Rowlands, o recém-lançado livro do educador e pesquisador brasileiro Wagner Bezerra parte do Mito da Caverna criado pelo filósofo grego Platão para fazer uma analogia com os meios de comunicação e analisá-los. Direcionada para crianças e adultos, a primeira parte da obra transforma o Mito da Caverna em uma fábula infantil. A narrativa que tem ilustrações da artista plástica Silvana Bezerra é feita no estilo comumente usado nas histórias para crianças, com um vocabulário que mistura palavras simples a outras menos conhecidas pelos mais jovens. Termos criados por Platão são usados para dar nomes aos personagens. A linguagem lança mão da literalidade e das metáforas e o final é aberto, como no mito.
Na segunda parte, Bezerra traz a moral da história comparando os acorrentados da fábula aos viciados em televisão e internet que as consomem passivamente. Se a narrativa da primeira parte é um tanto maniqueísta, a explicação relativiza os conteúdos produzidos nestes meios e admite que nem tudo que é feito ali é ruim. A moral da história convida os jovens a fazer uma leitura mais crítica do que eles recebem da mídia e ainda oferece alternativas como livros, cinema e boas conversas ao vivo. A noção de liberdade de escolha também é apresentada e a opção de se desligar a televisão validada.
Livro: “O Segredo da Caverna - a Fábula da TV e da Internet”
Autor: Wagner Bezerra
Ilustrações: Silvana de Menezes
Editora: Cortez
Ano: 2011
Preço médio: R$ 19,00
03
100 gatos que mudaram a civilização – Os gatos mais influentes da história
“Todos esses felinos (...) mudaram a história de pequenas maneiras e às vezes não tão pequenas.”
Eles não são filósofos, mas tendem a ser bastante contemplativos e passam a impressão de que, além de elegantes, são bastante inteligentes. Neste livreto, os gatos e seus feitos são os personagens principais. Divididos nas categorias musas, pioneiros, heróis e anti-heróis, Stall apresenta os 100 gatos que mudaram a civilização ativa ou passivamente. Uma fofura de livro que vai agradar bastante os amantes dos pequenos felinos.
Livro: “100 gatos que mudaram a civilização – Os gatos mais influentes da história”
Título original: “100 cats who changed civilization”
Autor: Sam Stall
Ilustração: Gina Triplett
Tradução: Albertina Pereira Leite
Editora: Prumo
Ano de lançamento: 2009
Preço médio: R$ 29,90
Esta coluna de literatura é publicada aos domingos no Diário da Manhã
www.dm.com.br
suindaraalexandre@gmail.com
Um comentário:
Adorei o Blog.
Uma sugestão: Já entrou no site do Rockontro?
Muito legal.
Kisses,
Patty
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