sexta-feira, 1 de abril de 2011

Letras & Livros 05

Publicado em 27 de março de 2011

“Cansei de ler que Cleópatra era muito feia, e ainda assim teve Júlio César e Marco Antônio e mais centenas de homens que quis. Mas claro que ser rainha devia facilitar um pouco as coisas.”

A escritora Claudia Taje também é redatora publicitária e, como tal, sabe que imagem é tudo, ou quase. Ciente desta máxima da propaganda, ela resolveu fazer um estudo fictício sobre “A vida sexual da mulher feia”, no qual o objeto sob o microscópio seria a narradora-personagem dando uma de Freud e analisando a si mesma. Se foi baseado em fatos reais, parece bastante provável. Se é autobiográfico... Bem melhor não nos atermos na aparência da escritora e nos concentrarmos no seu texto uma vez que a sua foto nem aparece no livro. E também para evitar constrangimentos futuros. Vai que a autora desta coluna um dia se encontre com a autora deste livro.

“A vida sexual da mulher feia” começa com uma breve apresentação da narradora personagem e descreve algumas situações cotidianas que pessoas cuja beleza física não é um dos atrativos principais enfrentam como, por exemplo, ouvir um dos colegas do escritório em voz supostamente baixa perguntar a outro: “entre a Ju e a morte, quem você escolhe?”. O estudo começa na infância cercada de eufemismos como a avó elogiando a meiguice de Jucianara (sim, este é o nome dela) e enaltecendo a beleza de outros netos. Ele então passa para a adolescência e suas descobertas até chegar ao breve histórico dos amores da mulher feia, na qual ela descreve suas desventuras hilárias com alguns homens.

Título: “A vida sexual da mulher feia”
Autor: Claudia Tajes
Editora: L&PM
Ano de lançamento: 2005
Preço médio: R$ 14,00



Bono Vox, líder e vocalista da banda irlandesa U2, fez a sua versão para a clássica ópera “Pedro e o Lobo” do russo Sergei Prokofiev, composta em 1936. O inusitado é que Bono largou o microfone e se dedicou aos pincéis e aos lápis, auxiliado por suas duas filhas, para esta releitura. O resultado é um livro, “Pedro e o lobo” com ilustrações de Bono Vox. Como não poderia deixar de faltar uma veia filantrópica em um ato de Bono, os fundos arrecadados com as vendas do livro vão para o Irish Hospice Foundation, uma instituição sem fins lucrativos que se dedica ao tratamento de pacientes terminais. “A ideia é ajudar esses pacientes a viver uma vida plenamente até o fim, em uma tentativa de ajuda-los a enfrentar a morte com dignidade, dando o cuidado e o apoio que ele e suas famílias precisam”, explica o texto do livro.

Este livro também tem um CD que traz uma releitura da ópera, cabeceada pelos músicos Gavin Friday e Maurice Seeze. Na ópera de Prokofiev, cada personagem é representado por um instrumento. Nesta versão, ao invés de quarteto de cordas, flautas, clarinetes e oboés originais, foram usados instrumentos como acordeão e banjo, misturados a outros típicos de uma orquestra.

A fábula conta a história de Pedro, um garoto quem mora com o avô em uma casa que possui um lago no jardim ao lado de uma floresta, onde vivem diversos animais como o pata o pássaro e a gata. Um dia, o lobo aparece no local e o menino o enfrenta e, num final mais ou menos ecologicamente correto, convence os caçadores a levar o bicho para o zoológico ao invés de mata-lo.

Título: “Pedro e o lobo”
Autor: Sergei Prokofiev e Bono Vox
Ilustrações: Bono Vox, Eve e Jordan
Editora: Conrad
Ano de lançamento: 2008
Preço médio: R$ 35,00



“Ela o amava, mas teve que mata-lo. Estava velho, cego, manco e mal conseguia usar a sua caixa de areia.”

Pronto. Você acabou de ler um dos cem nanocontos que Edson Rossatto escreveu para seu livro “Cem toques cravados”. A ideia de escrever contos tão pequenos surgiu porque Rossatto, formado em letras, editor de livros e roteirista de HQ, é incapaz de desenhar, mas queria fazer tirinhas como seus amigos quadrinistas. Apesar da inveja ser um pecado capital, foi este sentimento que levou o escritor a criar uma história bem curtinha, ao estilo das tiras de HQ, com o menor número de caracteres que conseguisse. Na primeira tentativa, fez um com 98. Ele mexeu um pouco para arredondar para cem e, desde então não consegue parar de escrever nanocontos com exatos cem caracteres. Ele escreve cerca de oito por dia e publica um nas redes sociais. Daí ele selecionou os cem melhores e os organizou por assuntos como cotidiano, crítica social, romance, humor negro e muito mais. Êta invejinha boa!

Título: “Cem toques cravados”
Autor: Edson Rossatto
Editora: Andross
Ano de lançamento: 2010
Preço médio: R$ 19,90

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