segunda-feira, 18 de abril de 2011

Letras & Livros 08

01
Tudo que sei aprendi com a TV – A filosofia nos seriados de TV

“Os gregos antigos saberiam dizer exatamente o que estava acontecendo em Friends”

Em 2004, a MTV Brasil criou um VT que mostrava uma tela preta com os dizeres: “Desligue a TV e vá ler um livro”. Em uma ação ousada para promover a leitura, a emissora fazia um manifesto pela cultura sob pena de diminuir a própria audiência. “Nas duas primeiras semanas da campanha, mais de 200 mil telespectadores desligaram a TV. Se foram realmente ler um livro eu não sei", disse André Mantovani, presidente da MTV. É certo que muito viciado na programação da telinha apenas mudou o canal. Se esse tipo de junkie conhecesse Tudo que sei aprendi com a TV do americano Mark Rowlands certamente ele se interessaria em ler este livro.

Este filósofo e escritor americano que assistiu muita TV analisa de maneira simples e divertida alguns seriados de sucesso, aplicando seus conhecimentos de filosofia e de psicologia com muitas pitadas de senso comum. O fio condutor é a modernidade, suas qualidades e seus problemas que são muito bem retratados nos programas escolhidos. Buffy, a caça vampiros (Buffy the Vampire Slayer – 1997-2003) serve de base para discutir o conceito de obrigação. Com a Família Soprano (The Sopranos - 1999-2007), mistura-se Freud e Platão para se falar da improbidade moral. Em Sex and the city (1998-2004), discorre-se sobre o amor e a amizade sinceras e o valor do outro. No capítulo de Friends (1994-2004) fala-se do que é amor e o que é amizade segundo Aristóteles e outros gregos antigos. O frenesi de 24 horas (24 – 2001-2010) inspira o debate entre o utilitarismo e a moral kentiana. “Seinfield” (1990-1998) exemplifica muito bem a diferença entre o individualismo e o egoísmo. Em “Os Simpsons” (“The Simpsons – 1989-), o foco é a vida ideal. Já o seriado “Frasier” (1993-2004), o mais cabeça de todos, fecha o livro analisando a importância de tudo isso e o que significa ser fiel a si mesmo, num excelente casamento entre cultura de massa e cultura erudita.

Livro: “Tudo que sei aprendi com a TV – A filosofia nos seriados de TV”
Título original: “Everything I know I learned from TV”
Autor: Mark Rowlands
Tradução: Elvira Serapicos
Editora: Ediouro
Ano de lançamento: 2008
Preço médio: R$ 41,90

02
O Segredo da Caverna - a Fábula da TV e da Internet


O papel deles é entreter, encantar, manipular, divertir e informar os acorrentados. Fazem de tudo para que estes não questionem, não se rebelem e, principalmente, não tentem fugir da caverna (...).”

No caminho inverso de Rowlands, o recém-lançado livro do educador e pesquisador brasileiro Wagner Bezerra parte do Mito da Caverna criado pelo filósofo grego Platão para fazer uma analogia com os meios de comunicação e analisá-los. Direcionada para crianças e adultos, a primeira parte da obra transforma o Mito da Caverna em uma fábula infantil. A narrativa que tem ilustrações da artista plástica Silvana Bezerra é feita no estilo comumente usado nas histórias para crianças, com um vocabulário que mistura palavras simples a outras menos conhecidas pelos mais jovens. Termos criados por Platão são usados para dar nomes aos personagens. A linguagem lança mão da literalidade e das metáforas e o final é aberto, como no mito.

Na segunda parte, Bezerra traz a moral da história comparando os acorrentados da fábula aos viciados em televisão e internet que as consomem passivamente. Se a narrativa da primeira parte é um tanto maniqueísta, a explicação relativiza os conteúdos produzidos nestes meios e admite que nem tudo que é feito ali é ruim. A moral da história convida os jovens a fazer uma leitura mais crítica do que eles recebem da mídia e ainda oferece alternativas como livros, cinema e boas conversas ao vivo. A noção de liberdade de escolha também é apresentada e a opção de se desligar a televisão validada.

Livro: “O Segredo da Caverna - a Fábula da TV e da Internet”
Autor: Wagner Bezerra
Ilustrações: Silvana de Menezes
Editora: Cortez
Ano: 2011
Preço médio: R$ 19,00

03
100 gatos que mudaram a civilização – Os gatos mais influentes da história

“Todos esses felinos (...) mudaram a história de pequenas maneiras e às vezes não tão pequenas.”

Eles não são filósofos, mas tendem a ser bastante contemplativos e passam a impressão de que, além de elegantes, são bastante inteligentes. Neste livreto, os gatos e seus feitos são os personagens principais. Divididos nas categorias musas, pioneiros, heróis e anti-heróis, Stall apresenta os 100 gatos que mudaram a civilização ativa ou passivamente. Uma fofura de livro que vai agradar bastante os amantes dos pequenos felinos.

Livro: “100 gatos que mudaram a civilização – Os gatos mais influentes da história”
Título original: “100 cats who changed civilization”
Autor: Sam Stall
Ilustração: Gina Triplett
Tradução: Albertina Pereira Leite
Editora: Prumo
Ano de lançamento: 2009
Preço médio: R$ 29,90

Esta coluna de literatura é publicada aos domingos no Diário da Manhã
www.dm.com.br
suindaraalexandre@gmail.com

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Mensagens de outros mundos

Publicado em 1º de abril de 2011

As mães de Chico Xavier estreia hoje nas salas de cinema do País. O longa encerra as comemorações do centenário do maior médium brasileiro

O filme As mães de Chico Xavier (2011), de Glauber Filho e Halder Gomes, que entra em cartaz hoje, não é uma continuação de Chico Xavier, o filme (2010), de Daniel Filho. Apesar de trazer o ator Nelson Xavier interpretando novamente o personagem título, as histórias são independentes. O filme foi livremente inspirado no livro Por trás do véu de Ísis, do escritor Marcel Souto Maior, conta a história de três mães que buscam um pouco de alento para seus dramas pessoais em Chico Xavier e suas cartas psicografadas. Como o próprio título diz, o foco nesta trama são as mães e não o médium.

O filme, que teve várias pré-estreias por todo o Brasil, abriu o 1º Festival de Cinema Transcendental que aconteceu em Brasília na semana passada. Tanto a produção do filme quanto do Festival é da Estação Luz Filmes que produziu ainda Bezerra de Menezes – O diário de um espírito, que levou quase um milhão de pessoas aos cinemas em 2008, e coproduziu o filme de Daniel Filho, que teve um público de quatro milhões de pessoas, no ano passado.

Filmes com tema espírita ou transcendental vem construindo um público cativo desde de Bezerra de Menezes e muitos já arriscam a classificar esta temática como um novo gênero de cinema. O Festival teve a curadoria do jornalista Pedro Martins Freire e mostrou que muitos filmes podem ser classificados como transcendentais, mesmo sem abordar exatamente a doutrina espírita.

Esta é uma temática que veio para ficar e ainda vai estimular a produção de filmes nacionais transcendentais. O filme dos espíritos, baseado no Livro dos Espíritos de Alan Kardec, por exemplo, já tem sua estreia prevista para outubro.

Ameno como um programa matinal

Publicado em 1º de abril de 2011

Uma Manhã Gloriosa (Morning Glory - 2010) conta a história de Becky (Rachel McAdams), uma workaholic que, depois de demitida, acaba por ser contratada por uma emissora de televisão para produzir um programa matinal falido, apresentado por uma ex-miss (Diane Keaton) e um jornalista premiado e mal-humorado (Harrison Ford) que se vê obrigado a falar sobre amenidades.

Becky sonha em ser produtora de um programa deste tipo desde os oito anos de idade e nunca tem tempo para homens ou romance, mas Patrick Wilson aparece na trama para balançar o coração da protagonista. Com um pouco de sorte e mantendo a fé em si mesma ela consegue atingir seus objetivos. Até o estresse e a raiva que ela sente muitas vezes é redirecionado para fazer um trabalho melhor.

Dirigido por Roger Michell, de Um lugar chamado Notting Hill (Notting Hill - 1999) e roteirizado pelos mesmos responsáveis de O diabo veste Prada (The Devil wears Prada - 2006), o humor deste filme é leve e o final, claro, feliz.

Um vovô enxuto, linha dura e vingativo

Publicado em 1º de abril de 2011

Fúria sobre rodas (Drive angry - 2011) é um filme de ação, vingança e perseguição de carros em 3D. Na trama, Nicolas Cage vive Milton, um criminoso que foge do inferno para sua última redenção: vingar a morte da filha e impedir que a netinha seja sacrificada. Ele também quer detonar com o culto de magia negra responsável pelas atrocidades cometidas contra sua família. A polícia, é claro, persegue o anti-herói, assim como um enigmático e demoníaco assassino chamado de O Contador, vivido pelo ator William Fichtner.

Aos 47 anos, Cage ainda tem fôlego para, como diz o jargão do cinema americano, chutar uns traseiros. Porém, os roteiristas acharam que ele estava um pouco velho para ter uma filha ainda bebê e fizeram dele um avô na história. Mas um vovô enxutão que é acompanhado por Piper, uma garçonete encarnada pela atriz Amber Heard, de 25 aninhos.

O longa não tem uma história original e nem diálogos super-inteligentes. O entretenimento aqui fica por conta das perseguições de carro, explosões e lutas em 3D.

Mostra de médias-metragens franceses

Publicado em 1º de abril de 2011

Dois clássicos de média-metragem entram em cartaz hoje, no Cine Cultura, relançados mais de 50 anos depois de suas estréias em Cannes. O balão vermelho (Le ballon rouge - 1956) e O cavalo branco (Crin Blanc: Le Cheval Sauvage - 1953), ambos do diretor francês Albert Lamorisse. Os filmes chegam ao cinema em uma cópia restaurada e são exibidos nas mesmas sessões.

Em O balão vermelho, o filho do diretor Pascal Lamorisse vive um garoto solitário nas ruas de Paris e que encontra um balão vermelho amarrado a um poste de iluminação. Ao libertá-lo, ele passa a seguir o menino por onde quer que ele vá. Alguns adultos tentam tirar o balão do garoto, mas ambos fogem. Na fita, há poucos diálogos e a narrativa se ancora na imagem.

O outro média, O cavalo branco, mostra a luta de um adolescente para evitar que um cavalo selvagem seja preso e domesticado por um fazendeiro. Em 1953, ele foi o vencedor do prêmio Prix Jean Vigo de melhor curta-metragem e do grande Prêmio do Festival de Cannes. Este média mostra belas paisagens e mescla fantasia com realismo.

O bom e velho rock n' roll

Publicada em 1º de abril de 2011

As bandas Kweik e Velhos Livros fazem hoje, às 21 horas, no Centro Cultural Martim Cererê, shows de lançamento dos seus mais novos Cds. A Kweik apresenta ao público o seu 2º álbum, Histórias de amor [rock and roll & afins] e o Velhos Livros lança seu primeiro trabalho, O abstrato e o absurdo. A abertura fica por conta da banda Game Over. Histórias... contou com o apoio da Lei Goyases de Incentivo à Cultura, enquanto que O abstrato... foi gravado com recursos da banda e da iniciativa privada.

Em comum entre as bandas, a amizade entre os integrantes e o baixista Roberto Carrijo que atua nos dois grupos. A produção dos dois discos é do vocalista Vícios da Era, Smooth, que agora também é produtor musical. Outro ponto de convergência é o estilo musical que, apesar de cada banda ter influências distintas, é o bom e velho rock n' roll. Os dois álbuns são distribuídos pela Alvo Discos.

A Kweik é composta por Washington Duarte (vocal), Cássio Oliveira (guitarra), Roberto Carrijo (Baixo) e Janinho (bateria). O novo trabalho é lançado agora, nove anos após o seu 1º CD. O 2º mostra o amadurecimento do grupo e possui letras e arranjos que retratam, de maneira poética, a dualidade do amor, a vida cotidiana e a as crenças observadas na periferia das cidades refletidas em temas como as perdas, as diferenças sociais e o sofrimento das mulheres negras.

13 canções compõe o disco, sendo que 12 são de autoria da banda e uma regravação de Não vou ficar de Tim Maia, uma grande influência para o som do Kweik. Smooth cantou na faixa Mulheres negras, música que ele assina em parceria com Washington Duarte, vocalista do Kweik. Um documentário produzido pela banda está disponível no YouTube e no site do grupo (www.kweik.com.br).

O projeto da banda Velhos Livros surgiu em 2000, quando Ricardo Carrijo (vocal e guitarra) e José Miguel Guimarães (guitarra) se juntaram para tocar covers e compartilharam composições. Roberto Carrijo (baixo), músico experiente e integrante de outra banda, acreditou no trabalho dos garotos e se uniu ao novo projeto. O baterista Glauco Morgado entrou em 2007 e o quarteto ficou completo. A banda, genuinamente goiana, abraça a ideia de tocar rock com letras em português.

Filantropia musical intinerante

Publicado em 31 de março de 2011


Bandas ChimpanZés de Gaveta e In Vitro fazem tributo a Tim Maia, Jorge Ben e Neil Young na terceira noite do festival beneficente Rock Solidário

Os fãs da black music e do folk rock podem curtir hoje a música de Tim Maia, Jorge Ben e Neil Young na Taberna do Ogro. O tributo aos compositores brasileiros fica por conta dos ChimpanZés de Gaveta, enquanto que a homenagem ao músico americano está nas mãos da banda In Vitro. Além dos shows, a noite tem discotecagem dos Djs Fábio Ferrá e Pablo Kossa com sets que trazem o melhor da música brasileira, soul music e rock n' roll. Os ingressos custam R$ 3,00 mais dois quilos de alimento não perecível (exceto sal e fubá).

A quarta edição do Rock Solidário pretende superar todos os recordes de arrecadação de alimentos, apostando no formato de shows descentralizados, distribuídos por várias partes de Goiânia. São 14 dias de show em 14 lugares diferentes, com 63 atrações. Segundo a assessoria de imprensa do evento, a expectativa é arrecadar 14 toneladas de alimentos que serão distribuídos a entidades beneficentes. Até o dia 10 de abril, as lojas Boca de Porco e Ambiente Skate Shop, os bares Vai Tomá no Kuka, Julius Bar, Taberna do Ogro, República, Aro 16, Pau Brasil, Woodstock, a casa Metrópolis, além do Martim Cererê e do DCE da PUC, recebem mais de 60 bandas locais e vários DJs. A programação diversa pretende agradar a vários os públicos, do rock’n’roll e blues até o samba raiz e a black music.

ChimpanZés de Gaveta

Formada por estudantes de jornalismo e publicidade, a banda surgiu no segundo semestre de 2006 nos corredores da Faculdade Araguaia. Formada por músicos experientes, a proposta era criar a banda para tocar na feira de cultura da faculdade, mas ela acabou se estabelecendo na cena musical goianiense e dura até hoje. A influência musical começa no funk dos anos 1970, passa pela MPB, cumprimenta o samba e vai até o rock nacional dos anos 1980. Tudo isso misturado a outros estilos resulta em uma combinação peculiar que caracteriza o som da banda. Em 2008, os ChimpanZés de Gaveta venceram o Festival de Bandas Locais e, como prêmio, ganhou a gravação de três músicas e a produção de um videoclipe pelo Estúdio Keghraus do Rio de Janeiro.

In Vitro

Surgida em 2002 em Piracanjuba, a banda mescla folk, rock n' roll e letras poéticas à linguagem das harmonias tradicionais da música brasileira. Melodias fortes e arranjos cheios de distorção com mudanças improváveis de andamento fazem parte da musicalidade do In Vitro. As influências da banda são Neil Young, Tom Petty, Crosby Stills and Nash, Engenheiros do Hawaii entre outros. In Vitro já se apresentou em diversos festivais e eventos de Goiás, Minas Gerais e Brasília. O show de hoje prestigiará os fãs de Neil Young, com grandes clássicos do músico canadense como Heart of Gold, Old Man, Harvest Moon, After the Gold Rush, Cinnamon Girl entre outras.

SERVIÇO
Rock Solidário IV
Quando: Hoje, a partir das 21h
Onde: Taberna do Ogro – Rua T-70, nº 44, Setor Bueno (ao lado do Bretas do Goiânia Shopping)
Ingressos: R$ 3,00 mais 2kg de alimento não perecível (exceto sal e fubá)
Pontos de Venda: Hocus Pocus, Ambiente Skate Shop, Dimarks, Trupe do Açaí, Bar do Kuka, Woodstok e Boca de Porco
Informações: 8409-2626 / 9266-0621 (Danilo Gonçalves / Pedro HicCup)

PROGRAMAÇÃO
*31/03 - Taberna do Ogro
Chimpanzés de Gaveta (Tributo a Tim Maia e Jorge Ben)
In Vitro (Tributo Neil Young)
DJ Fábio Ferrá
DJ Pablo Kossa

*01/04 - República
Mortuário
Hellbenders
Coerência

*02/04 - DCE -PUC
Sopa de Pedra
Pedra do Sal
Copacabana
Rock`n bole

*03/04 - Aro 16
Spiritual Carnage
Hypnotica
Monster Bus

*04/04 - Pau Brasil
Em nome do Samba
DJ Don Calefi
DJ Fábio Ferrá

*05/04 - Woodstock
Anti Circus (Tributo a AC DC)
DJ Bebohorrível
DJ Julius Bar
DJ Danilo Tattoo Rock Fest

*06/04 - Julius Bar
Rising Cross
Zenha`s Rock Blues (Tributo a Creedence)
DJ Friederich Von Devon
DJ Marcão Woodstock

*07/04 - Bolshoi
Rollin Chamas
Lady Raposa
DJ Jabaah

*08/04 - Metrópolis
Rockfellers
Woolloongabbas
Bang Bang Babies
Dj Daniel de Mello

*09/04 - Martim Cererê
Palco 1
Macakongs 2099 (DF)
Mechanics
WCM
Fígado Killer
Trivoltz
Cicuta
In Vitro
Palco 2
Passarinhos do Cerrado
Esquina 4 + Maira Lemos
Fridão e Banda Rock
Cega machado
Carta Bomba (Tributo a Nação Zumbi)
Sr. Blan Chu + Milla Tuli
Sambaobá

*10/04 - Ambiente
Johnny Suxxx
Space Monkeys
Gloom
 

Letras & Livros 05

Publicado em 27 de março de 2011

“Cansei de ler que Cleópatra era muito feia, e ainda assim teve Júlio César e Marco Antônio e mais centenas de homens que quis. Mas claro que ser rainha devia facilitar um pouco as coisas.”

A escritora Claudia Taje também é redatora publicitária e, como tal, sabe que imagem é tudo, ou quase. Ciente desta máxima da propaganda, ela resolveu fazer um estudo fictício sobre “A vida sexual da mulher feia”, no qual o objeto sob o microscópio seria a narradora-personagem dando uma de Freud e analisando a si mesma. Se foi baseado em fatos reais, parece bastante provável. Se é autobiográfico... Bem melhor não nos atermos na aparência da escritora e nos concentrarmos no seu texto uma vez que a sua foto nem aparece no livro. E também para evitar constrangimentos futuros. Vai que a autora desta coluna um dia se encontre com a autora deste livro.

“A vida sexual da mulher feia” começa com uma breve apresentação da narradora personagem e descreve algumas situações cotidianas que pessoas cuja beleza física não é um dos atrativos principais enfrentam como, por exemplo, ouvir um dos colegas do escritório em voz supostamente baixa perguntar a outro: “entre a Ju e a morte, quem você escolhe?”. O estudo começa na infância cercada de eufemismos como a avó elogiando a meiguice de Jucianara (sim, este é o nome dela) e enaltecendo a beleza de outros netos. Ele então passa para a adolescência e suas descobertas até chegar ao breve histórico dos amores da mulher feia, na qual ela descreve suas desventuras hilárias com alguns homens.

Título: “A vida sexual da mulher feia”
Autor: Claudia Tajes
Editora: L&PM
Ano de lançamento: 2005
Preço médio: R$ 14,00



Bono Vox, líder e vocalista da banda irlandesa U2, fez a sua versão para a clássica ópera “Pedro e o Lobo” do russo Sergei Prokofiev, composta em 1936. O inusitado é que Bono largou o microfone e se dedicou aos pincéis e aos lápis, auxiliado por suas duas filhas, para esta releitura. O resultado é um livro, “Pedro e o lobo” com ilustrações de Bono Vox. Como não poderia deixar de faltar uma veia filantrópica em um ato de Bono, os fundos arrecadados com as vendas do livro vão para o Irish Hospice Foundation, uma instituição sem fins lucrativos que se dedica ao tratamento de pacientes terminais. “A ideia é ajudar esses pacientes a viver uma vida plenamente até o fim, em uma tentativa de ajuda-los a enfrentar a morte com dignidade, dando o cuidado e o apoio que ele e suas famílias precisam”, explica o texto do livro.

Este livro também tem um CD que traz uma releitura da ópera, cabeceada pelos músicos Gavin Friday e Maurice Seeze. Na ópera de Prokofiev, cada personagem é representado por um instrumento. Nesta versão, ao invés de quarteto de cordas, flautas, clarinetes e oboés originais, foram usados instrumentos como acordeão e banjo, misturados a outros típicos de uma orquestra.

A fábula conta a história de Pedro, um garoto quem mora com o avô em uma casa que possui um lago no jardim ao lado de uma floresta, onde vivem diversos animais como o pata o pássaro e a gata. Um dia, o lobo aparece no local e o menino o enfrenta e, num final mais ou menos ecologicamente correto, convence os caçadores a levar o bicho para o zoológico ao invés de mata-lo.

Título: “Pedro e o lobo”
Autor: Sergei Prokofiev e Bono Vox
Ilustrações: Bono Vox, Eve e Jordan
Editora: Conrad
Ano de lançamento: 2008
Preço médio: R$ 35,00



“Ela o amava, mas teve que mata-lo. Estava velho, cego, manco e mal conseguia usar a sua caixa de areia.”

Pronto. Você acabou de ler um dos cem nanocontos que Edson Rossatto escreveu para seu livro “Cem toques cravados”. A ideia de escrever contos tão pequenos surgiu porque Rossatto, formado em letras, editor de livros e roteirista de HQ, é incapaz de desenhar, mas queria fazer tirinhas como seus amigos quadrinistas. Apesar da inveja ser um pecado capital, foi este sentimento que levou o escritor a criar uma história bem curtinha, ao estilo das tiras de HQ, com o menor número de caracteres que conseguisse. Na primeira tentativa, fez um com 98. Ele mexeu um pouco para arredondar para cem e, desde então não consegue parar de escrever nanocontos com exatos cem caracteres. Ele escreve cerca de oito por dia e publica um nas redes sociais. Daí ele selecionou os cem melhores e os organizou por assuntos como cotidiano, crítica social, romance, humor negro e muito mais. Êta invejinha boa!

Título: “Cem toques cravados”
Autor: Edson Rossatto
Editora: Andross
Ano de lançamento: 2010
Preço médio: R$ 19,90

Nem os japoneses estão a salvo

Publicado em 25 de março de 2011

Atividade paranormal em Tóqui estreia hoje com sustos e mais do gênero

A franquia de sucesso “Atividade Paranormal” (“Paranormal activity”) atingiu o Japão no ano passado com “Atividade paranormal em Tóquio” (“Paranômaru akutibiti: Dai-2-shô - Tokyo Night” - 2010), quase ao mesmo tempo que “Atividade paranormal 2” (“Paranormal activity 2” - 2010) chegou aos cinemas americanos. No entanto, somente agora os abalos secundários que começaram na capital nipônica chegam ao cinemas brasileiros. “Atividade Paranormal em Tóquio”, já lançado em DVD na Inglaterra e nos Estados Unidos, entra em cartaz como um esquenta para o terceiro longa da franquia americana que tem estréia marcada para 21 de outubro deste ano, às vésperas do Halloween.




A produção japonesa, falada na língua local, é uma continuação direta dos eventos que marcaram o primeiro filme. A assombração vai para Tóquio depois que uma estudante japonesa de intercâmbio que visitou San Diego traz para dentro de sua casa como um suvenir diabólico o mal que aterrorizou Katie. O gatilho que apressou a volta da jovem ao Japão foi um acidente de carro nos Estados Unidos que a deixou presa a uma cadeira de rodas.

Assim que chega a Tóquio, coisas estranhas e inexplicáveis começam a acontecer. Persuadida por sua irmã, a estudante instala uma câmera de vídeo e tenta capturar os eventos em uma gravação. O que elas descobrem é que tudo que está acontecendo está além das explicações normais. Assim que a situação se intensifica, um terrível fato é revelado. Ou seja, nada de muito novo na trama, imagens com cara de documentário que pouco revelam da assombração e muitos efeitos sonoros para dar sustos e pular na cadeira. O que você esperava? É uma franquia, ora, bolas!

Imaginação sem limites

Publicado em 25 de março de 2011

O site do filme “Sucker Punch – Mundo surreal” (“Sucker Punch” - 2011) pede apenas que você feche os olhos e abra a sua mente para entrar nesta fantasia épica de ação patrocinada pela imaginação fértil de Baby Doll, uma garota trancafiada em um instituição para doentes mentais. Determinada a lutar por sua liberdade, ela convence quatro outras garotas a se unir a ela e tentar escapar de seus destinos terríveis que estão nas mãos de seus captores. Lideradas por Baby Doll, elas lutam contra tudo, desde samurais a serpentes e tendo a sua disposição um arsenal virtual. Juntas elas têm que decidir o que sacrificar para continuar vivas. Orientadas pelo Homem Sábio, sua jornada as libertará se forem bem sucedidas.




Zack Snyder, diretor de “Watchman – O filme (“Watchman” - 2009)” e “300” (2006), dirigiu “Sucker Punch” a partir do roteiro que ele escreveu com Steve Shibuya. Atrás das cenas, profissionais que trabalharam em “Avatar” (2009), “Watchman” e “300” garantem um visual de encher os olhos e surpreender com uma aventura que quebra os limites entre o que seria real e o que seria imaginário para Baby Doll.

Segundo o site Internet Movie Database, a produção demorou cinco anos para ficar pronta. O interessante é que o número cinco aparece várias vezes no filme: 1950, cinco garotas e cinco itens a serem encontrados. Outra curiosidade é que o filme foi filmado normalmente e a Warner Bros gostaria que de convertê-lo para 3D, como já havia feito em outros filmes. O Diretor Zack Snyder vetou a ideia.

Remédio miraculoso

Publicado em 25 de março de 2011

O ator Bradley Cooper, o gato meio narigudo do “Se beber, não case!” (“The hangover” - 2009) deixou para trás o papel de galã de comédias românticas para saber como se sairia em um personagem de ação. É dele o papel principal de “Sem limites” (“Limitless” - 2011), em cartaz a partir de hoje nas salas de projeção. Se tudo der certo, este filme fará por Cooper o que “A identidade Bourne” (“A identidade Bourne” - 2006) fez por Matt Damon, despindo-o da aura de namoradinho da América e vestindo nele a armadura de herói de ação.




A história de “Sem limites” se concentra no personagem de Cooper, um escritor medíocre que leva um fora da namorada. Sem perspectivas, ele, influenciado por um amigo, começa a tomar uma droga experimental que promete aumentar a concentração para terminar o livro, mas acaba lhe conferindo habilidades sobre-humanas, pois ele passa a usar 100% da capacidade do cérebro. Com uma pílula por dia, ele passa a não ter limites. Seu apetite cultural aumenta, termina seu livro em quatro dias e a matemática se torna útil. Esta última habilidade o impele para o mundo das finanças, onde ele encontra Robert De Niro que passa a ser seu mentor.

Quando sua ascensão meteórica parece não ter fim, ele tenta se livrar do personagem de De Niro, mas este não está a fim de deixar a galinha dos ovos de ouro escapar. Para piorar o quadro, os efeitos colaterais da supermedicação começam a aparecer e o escritor começa a perder sua memória recente.